O kernel Linux é conhecido por sua extensa compatibilidade com sistemas de arquivos, mas recentemente dois deles quase foram removidos: HFS e HFS+, os antigos sistemas da Apple. Por que isso aconteceu? E por que, no último momento, a comunidade Linux decidiu mantê-los? Vamos explorar essa história, entender a importância desses drivers e o que isso revela sobre o ecossistema open-source.
O Que São HFS e HFS+?
O HFS (Hierarchical File System) e seu sucessor, o HFS+, foram os sistemas de arquivos padrão da Apple por décadas, antes da chegada do APFS em 2017. Enquanto o HFS foi lançado em 1985 para o Macintosh, o HFS+ trouxe melhorias como suporte a arquivos maiores e nomes mais extensos.
No Linux, os drivers para esses sistemas permitem a leitura (e, em alguns casos, escrita) em discos formatados para Macs antigos. No entanto, como a Apple migrou para o APFS, o suporte a HFS+ foi ficando obsoleto, levando a discussões sobre sua remoção do kernel Linux.
Por Que Queriam Remover o HFS e HFS+ do Linux?
1. Falta de Mantenedores Ativos
Um dos maiores problemas no mundo open-source é a manutenção de código antigo. No caso do HFS/HFS+, os drivers ficaram "órfãos" por mais de 10 anos, sem ninguém revisando atualizações ou corrigindo bugs.
Quando um código não tem mantenedores, ele pode se tornar um risco de segurança e um peso para o desenvolvimento do kernel. Sem alguém para gerenciar correções, era apenas uma questão de tempo até alguém propor sua remoção.
2. A Apple Abandonou o HFS+
A Apple já não recomenda o uso do HFS+ em seus sistemas modernos, preferindo o APFS (Apple File System). Com isso, o interesse em manter esses drivers no Linux diminuiu ainda mais.
Macs novos usam APFS por padrão.
Até a partição EFI (ESP) em Macs modernos migrou para APFS.
HFS+ só é relevante em máquinas antigas e em casos específicos.
A Reação da Comunidade: Por Que o HFS+ Ficou?
1. Desenvolvedores se Ofereceram para Manter os Drivers
Quando Christian Brauner (engenheiro da Microsoft e contribuidor do kernel Linux) propôs a descontinuação do HFS/HFS+, a comunidade reagiu. Dois desenvolvedores se prontificaram a assumir a manutenção:
Viacheslav Dubeyko (IBM), que já havia trabalhado no driver HFS+ no passado.
John Paul Adrian Glaubitz (Debian), que mantém sistemas PowerPC e pode testar em hardware real.
2. Casos de Uso Específicos Ainda Exigem HFS+
Apesar de obsoleto, o HFS+ ainda tem utilidade em:
Recuperação de dados em Macs antigos.
Partições EFI (ESP) em PowerMacs e sistemas vintage.
Emulação via QEMU (para rodar versões antigas do macOS).
Glaubitz mencionou que ainda usa PowerMacs e que remover o HFS+ poderia quebrar a compatibilidade com esses sistemas.
O Que Isso Revela Sobre o Open-Source?
1. A Importância da Comunidade
Esse caso mostra como o modelo colaborativo do Linux funciona. Mesmo quando uma tecnologia parece morta, se alguém ainda a usa, há chances de ela sobreviver.
Código abandonado pode ser "ressuscitado".
Basta que alguém se disponibilize a mantê-lo.
2. Equilíbrio Entre Progresso e Retrocompatibilidade
O kernel Linux precisa evoluir, mas também manter suporte a hardware antigo. Decidir o que manter ou remover é um desafio constante.
Remover código não utilizado simplifica o kernel.
Mas remover algo ainda útil pode prejudicar usuários de nicho.
Conclusão: O Futuro do HFS e HFS+ no Linux
Por enquanto, os drivers HFS e HFS+ continuarão no kernel Linux, graças aos novos mantenedores. No entanto, seu futuro ainda depende de:
Se a manutenção será ativa.
Se novos bugs ou vulnerabilidades surgirem.
Se o uso desses sistemas de arquivos diminuir ainda mais.
Se você depende do HFS+ para trabalhar com Macs antigos, agora é um bom momento para testar alternativas ou contribuir com o projeto. Afinal, no open-source, a sobrevivência de um código depende de quem está disposto a mantê-lo vivo.
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